Frontal (F): Fale-nos um pouco de si. Onde é que nasceu, o que é que o motivou para se formar como médico.
Henrique Jones (HJ): Setubal foi a cidade onde nasci e onde cresci como uma criança normal tendo como actividades ludicas, entre outras, a prática de futebol. Talvez aqui tenha nascido a minha paixão pelo futebol, pelas lesões, pelo desporto e pela Medicina ligada ao desporto. A Ortopedia pareceu-me ser a Especialidade Médica que mais suportava estas 2 vertentes. Mais tarde consegui o titulo de Especialista em Medicina Desportiva aliado á minha especialidade mãe que é a Ortopedia e Traumatologia.
Desde criança a Medicina, a arte de tratar doentes ( ou prevenir doenças) sempre norteou a minha orientação, e motivação de vida, e nunca me terá passado pela cabeça ter outra orientação profissional.
A partir daí foi uma progressão, feita a pulso, com motivação, verdade, ética, rigor e honestidade ( valores que devem nortear a vida de qualquer médico) e que culminaram com um percurso fantástico como médico Ortopedista da Força Aérea Portuguesa, onde esses valores se cimentaram, e com uma actividade ortopédica e medico desportiva plena de satisfação pessoal e profissional.
F: Qual foi a sua experiência na Faculdade de Ciências Médicas?
HJ: A FCM-NOVA é, e será sempre, a minha Escola. Aqui aprendi a ser médico, a ser homem e a respeitar os meus Mestres, colegas e restantes pares. Na altura tinha outras opções mas, guiado pelo meu saudoso Mestre, Professor Gil da Costa, não hesitei em escolher a FCM-NOVA para a minha formação. Nesta casa fui feliz, fiz os meus primeiros erros, acertei os primeiros diagnósticos, tive as primeiras alegrias e os primeiros desaires como candidato a médico. Representei a FCM-NOVA no futebol, universitário fiz parte de Associações de Estudantes, fui monitor de Fisiologia, fui homem, fui médico… fui feliz.
F: O que é que o motivou a seguir uma carreira na medicina desportiva? Como é que entrou nesse meio?
HJ: Como já referi a Medicina Desportiva surge como uma área da minha carreira médica, a par da Ortopedia, onde sempre gostei de trabalhar e que me preenche como médico. È na área da Traumatologia Desportiva que me sinto á vontade na minha abordagem profissional. Tratar, orientar, prevenir, aconselhar seres humanos hipersaudáveis é uma vertente aliciante e diferente, mas não menos desafiadora, da nossa prática clinica. Como sempre gostei de desporto, e de cirurgia, senti-me concretizado ao abraçar estas 2 especialidades médicas. O fato de ter praticado desporto federado ( Futebol e Andebol) influenciou, definitivamente a minha orientação médica.
F: Tem algumas palavras para alguém que queira seguir uma carreira em medicina desportiva?
HJ: Quem quiser ser médico do desporto tem de gostar de desporto, mostrar total disponibilidade para os atletas, ter uma ampla abrangência de conhecimentos, ser discreto, empenhado e inovador e … sobretudo saber lidar com máquinas humanas, hipersaudáveis, mas com alma, com sensibilidade, com afetos … com coração.
F: Quais foram os momentos mais memoráveis na sua carreira?
HJ: Ter a felicidade de poder representar Portugal, como médico da Selecção em 4 campeonatos do Mundo e 3 Campeonatos da Europa … ter o respeito dos meus colegas… a admiração dos meus doentes e a amizade dos meus atletas..